A pandemia que assola o planeta trouxe um grande impacto nas questões econômicas e sociais, não se limitando à área de saúde. E a advocacia, como qualquer setor da economia, deverá se organizar para superar alguns desafios e, também, aproveitar oportunidades.
E quais seriam, então, os desafios e oportunidades?
Primeiramente, abordando os desafios, podemos citar a necessidade de fazer mais, com menos. Os escritórios de advocacia e departamentos jurídicos serão muito demandados por seus clientes (externos e internos) mas, considerando a crise econômica, os recursos financeiros estarão mais escassos. Com isso, a otimização de processos, utilização de tecnologia e alta performance dos times estarão ainda mais em evidência.
Outra questão, será a gestão da cultura e do clima organizacional com base no novo modelo de trabalho que tende a prevalecer. O home office, que já vinha ganhando força, e sendo implantado em algumas organizações, em formato integral ou híbrido, passou a ser uma realidade forçada e, certamente, será adotado em maior escala, em seus diversos formatos. Por outro lado, alguns profissionais e algumas empresas já identificaram que não conseguirão conviver bem com o trabalho remoto, e isso pode trazer alguns entraves.
De um modo geral, profissionalizar a gestão já era uma necessidade das organizações jurídicas para que se destacassem no mercado e, agora, vai se apresentar como uma questão de sobrevivência.
Olhando para as oportunidades, acreditamos que alguns setores da advocacia terão boas chances de crescimento. A primeira delas, que já vem sendo bastante requisitada, é a área trabalhista. As mudanças legislativas e o grande número de demissões neste período, certamente, trarão ainda mais demandas para os advogados trabalhistas. As próprias mudanças nas relações de trabalho que, acreditamos, estão por vir, também demandarão uma atuação consultiva grande.
A área tributária, também, será ainda mais estratégica. Assim como no trabalhista, mudanças legislativas vêm acontecendo e, a esperada “Reforma Tributária”, que se torna cada vez mais necessária, enfatizará ainda mais a necessidade do profissional consultivo que atua no setor. O panorama econômico, da mesma forma, fará com que as empresas tenham que buscar suporte para planejamentos tributários mais eficientes, utilização de créditos fiscais e discussão sobre débitos tributários.
Os profissionais que atuam nos segmentos de recuperação de créditos, gestão de passivos, recuperação judicial e falência, indubitavelmente, terão muito trabalho no período. As notícias relacionadas ao fechamento de empresas e desemprego mostram que haverá um impacto muito grande nas questões relacionadas a crédito, inadimplência e insolvência.
As demandas consultivas empresariais também têm movimentado os escritórios: pareceres sobre cláusulas e penalidades contratuais, renegociação de contratos e avaliação de questões societárias, algumas vezes vinculadas ao planejamento tributário. E o consultivo empresarial será uma área extremamente relevante para o pós crise. Com o reaquecimento da economia novos negócios certamente vão surgir, como já vêm surgindo. Empreendedores estão identificando nichos e oportunidades ainda não explorados e começam a criar novos negócios mesmo na crise.
O setor imobiliário, que estava reaquecendo, também tende a retomar seu movimento de crescimento pós crise, assim como a área de infraestrutura, principalmente a construção pesada, energia e transportes. São setores que na retomada da economia serão primordiais, receberão muito investimento e, por consequência, demandarão suporte jurídico.
As empresas de tecnologia, como nos últimos anos, também são sérias candidatas ao protagonismo no cenário econômico, e profissionais que conheçam sobre os aspectos legais aplicáveis ao segmento, nas diversas áreas do direito, também serão muito valorizados.
Apesar de já muito citada, a Lei Geral de Proteção de Dados tende a ser um vasto campo para oportunidades para os profissionais jurídicos, tanto na esfera consultiva, para implementar a lei e orientar os cidadãos e empresas, quanto para atuar no caso de descumprimento de obrigações relacionadas à proteção de dados.
Nas áreas de atendimento a pessoas físicas, podemos destacar, além do trabalhista, já citado acima, o previdenciário, também em recorrência da Reforma, bem como família e sucessões. As relações familiares e a forma como o ser humano lida com a morte (e com a vida) foram muito impactadas e isso refletirá nas questões jurídicas.
Enfim, mesmo em um cenário caótico, em que, muitas vezes, o desespero e incerteza predominam, existem oportunidades a serem exploradas, mas que demandam preparação, tranquilidade e dedicação, para sair na frente e se destacar!