No Brasil, a formação jurídica ainda é fortemente concentrada nos aspectos técnicos do Direito, como doutrina, jurisprudência e prática forense. No entanto, à medida que os escritórios crescem e enfrentam um mercado cada vez mais competitivo e sofisticado, a falta de preparo em gestão tem se mostrado um fator crítico para a sustentabilidade desses negócios.
De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o país concentra mais de 1,4 milhão de advogados formados. Isso faz com que o Brasil ocupe a primeira posição no ranking de advogados por habitante, conforme aponta um levantamento da BBC.
Embora o número de formados e formandos seja amplo, temas como gestão estratégica, liderança de equipes, finanças, precificação, marketing jurídico e experiência do cliente são raramente abordados nos cursos de graduação, apesar de serem centrais para a longevidade dos escritórios.
Muitos advogados e advogadas, ao assumirem cargos de liderança ou abrirem seus próprios escritórios, enfrentam desafios para os quais não foram preparados, como a dificuldade de manter a banca, a centralização excessiva nas mãos do(a) sócio(a), a sobrecarga, decisões mal estruturadas e a alta rotatividade. Sem preparo em gestão, a sustentabilidade do negócio jurídico fica comprometida.
Além disso, a ausência de uma cultura de gestão compromete a aptidão dos escritórios de inovar, acompanhar as tendências do mercado e adotar práticas sustentáveis de crescimento.
Competências de gestão que não se aprendem na faculdade:
- Definição de metas estratégicas e indicadores de performance (KPIs);
- Estruturação de processos internos com uso de tecnologia;
- Precificação adequada dos honorários;
- Construção de uma cultura organizacional sólida;
- Desenvolvimento de lideranças;
- Gestão eficiente do tempo e de prioridades.
Essas habilidades, embora não técnicas do Direito, são fundamentais para transformar escritórios em negócios juridicamente competentes e organizacionalmente sustentáveis.